domingo, 25 de novembro de 2012
EXTERMÍNIO 24 HORAS
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terça-feira, 20 de novembro de 2012
SÃO PAULO E SANTA CATARINA: “Onda de Violência” ou Terrorismo de Estado?
Ao se digitar
a expressão “onda de violência” no site de busca Google, nas primeiras ocorrências estão as páginas web das empresas ligadas às organizações
Globo e outras agências de noticias[1]. As
manchetes são unânimes: “Onda de violência faz PM suspender férias de soldados
em SC”, “Bebê assassinado em onda de violência é enterrado em SP”, “PM confirma
terceira morte em onda de violência em SC”, e por aí vai... Todos empenhados em
culpar a tal onda, como se essa surgisse do nada, sem motivo algum, estivesse
em todas as partes ao mesmo tempo, não tivesse cara nem identidade. Como se
tratasse de uma fatalidade, uma “crise”, uma catástrofe natural, como um tufão
ou um terremoto. Ou ainda, como se fosse uma epidemia que tomasse conta da
população, uma estranha enfermidade que faz as pessoas atirarem umas nas outras
e a única solução para esse infortúnio seja colocar os militares nas ruas e
fazer cessar a, então, “onda de violência”. Porém, tenho motivos para acreditar que isso
não acontece dessa maneira e que a solução mais apresentada seja justamente a
causa de toda essa situação: Mais polícia, mais repressão, mais cadeia...
Quilombo dos
Palmares, Porongos, Cabanagem, Sabinada, Balaiada, Canudos, Contestado,
ditadura do estado novo, ditadura militar, Eldorado dos Carajás, Corumbiara, Candelária,
Vigário Geral, Carandiru... Quantas chacinas, massacres e episódios sangrentos
mais poderíamos elencar aqui, haveria folhas de papel ou espaço virtual
suficiente na internet para tudo isso? Difícil dizer. A questão é que esse
imenso pedaço de terra, conhecido por muitos como o país de nome Brasil, está
completamente submerso em um passado e presente ensanguentados. O estado
brasileiro, durante todos esses anos, cresceu e se estruturou, em parte,
evidentemente, pelos impostos extraídos do suor de cada trabalhador e
trabalhadora, mas também derramando uma boa quantidade de sangue dos seus ditos
cidadãos, mais especificamente, aqueles que vivem nas periferias dos centros
urbanos, que vivem nas florestas, nas beiras das estradas, embaixo das
marquises e das pontes, que têm cor escura, que lotam o sistema prisional...
Enfim, como poderia o opressor apresentar soluções para os problemas dos
oprimidos?
As grandes
corporações midiáticas brasileiras cantam, em coro, o mesmo refrão: a “onda de
violência”. Falam também de uma “força-tarefa” articulada pelo ministro da
justiça, José Eduardo Cardozo e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Entre as medidas adotadas estão o controle das fronteiras paulistas, contra a
entrada de armas, a transferência de líderes do PCC para presídios federais,
entre outras coisas. Se esses veículos de comunicação ou se esses governantes
se dignassem a conversar com moradores das comunidades paulistanas e com
membros do movimento Mães de Maio[2],
saberiam que praticamente todas as mortes civis dessa chamada “onda de
violência” não foram efetuadas por armas oriundas de fora desse estado e nem
ordenadas por qualquer liderança do dito crime organizado. A maioria das balas
que tem tirado a vida dos jovens negros nas periferias de São Paulo possui o
calibre e especificações das usadas pela PM, ou seja, são financiadas pelos
impostos pagos pelos chamados cidadãos paulistas, em última instância, são
financiadas pelo estado brasileiro.
Atirar
primeiro, perguntar depois: A prática mais comum da polícia brasileira, sendo a
paulista uma das suas mais fervorosas amantes. Desnecessário citar os casos de
pessoas desarmadas, indefesas e sem ficha criminal assassinadas pelos agentes
de segurança, basta uma pequena pesquisa para constatar tal fato. A pena de
morte não existe nesse país. Juiz algum, em qualquer tribunal do estado
brasileiro está autorizado a condenar quem quer que seja a morrer por seu
crime. Não é o caso dos policiais, não só os de São Paulo, mas fiquemos com
estes, pois é deles que tratamos nesse texto. Essas pessoas, à serviço do
estado e, supostamente, a serviço do cidadão, tem o poder de prender, julgar,
condenar e aplicar a sentença escolhida (normalmente, de morte), muito
rapidamente, com absoluta conivência das autoridades superiores a elas e total
aceitação por parte de uma sociedade amedrontada por uma mídia cúmplice de tais
atrocidades, sim, cúmplice, à medida em que se presta a veicular a infame
versão de “onda de violência”.
“Deus cria, a
ROTA mata”. Quem nunca escutou esse bordão? Célebre frase que exemplifica a
política sanguinária de um estado para com suas questões internas. Não raro, a
crítica a tal postura é tratada como cumplicidade com o dito crime organizado,
tornando o crítico alvo em potencial para os agentes do estado. É o caso do
repórter do jornal Folha de São Paulo, André Caramante[3],
obrigado a mudar de país com sua família depois de suas reportagens sobre a violência
policial e os chamados “autos de resistência” provocarem a ira do vereador de
São Paulo, Coronel Telhada, ex-comandante da ROTA. Alguém aí se lembrou da
ditadura militar? Pois é, em 2012 pessoas ainda são forçadas ao exílio por suas
opiniões. E sob um Brasil governado pelo PT, tendo, à frente, uma mulher
ex-presa política dos anos 70. O que esperar dessa situação?
Pois bem, como
se não bastasse essa política oficialesca de morte, ainda temos os grupos
clandestinos de extermínio atuando amplamente nas periferias de São Paulo[4].
Formados por policiais e ex-policiais, representam uma parte triste da cultura
política da direita latino americana. A antiga OBAN (Operação Bandeirantes) que
perseguiu e exterminou militantes da resistência à ditadura militar nos anos de
chumbo, se estruturou a partir desses infames esquadrões da morte que já
existiam nesse período. E parece que nunca deixaram de existir. Sua violência,
hoje, é direcionada preferencialmente aos membros das ditas facções criminosas,
porém, matar indiscriminadamente nos bairros pobres é parte essencial de sua
prática, numa clara intenção de espalhar o terror e manter o povo dessas localidades
sob controle. Nisso que os meios de comunicação também chamam de guerra entre
PM e PCC, vemos episódios que, ressalvas feitas, em muito lembram o confronto
entre as tropas alemãs e a resistência nos territórios ocupados durante a
Segunda Guerra Mundial. Um soldado nazista era morto, em represália, uma aldeia
era invadida e trucidada. Em
São Paulo, dos inícios do século XXI, um PM é atingido, como
resposta, homens pilotando motos e usando capuzes fuzilam o primeiro grupo de
jovens, na primeira esquina de alguma periferia paulistana. A mesma dinâmica é
vista nas duas situações.
A essa altura
do texto já devo estar sendo considerado um “defensor de bandidos”, assim como
em outros tempos, outras pessoas foram taxadas de “comunistas”, “hereges” ou
“infiéis”. Mas isso não me preocupa, o que, sim causa preocupação é que uma
instituição, como o estado brasileiro, através de seu braço armado, promova
todo tipo de atrocidades e desrespeito aos direitos humanos e seja acobertado
por uma mídia que espalha a versão mais ampla e impessoal possível como a da
“onda de violência”, sem levantar absolutamente suspeita alguma sobre essas
práticas terroristas de estado. Práticas que, de fato, estão sendo combatidas.
Sim, se alguma coisa vai fazer essa política assassina recuar, nas ruas e nas
prisões, nesse momento, é a ação do chamado crime organizado. As facções
nascidas dentro do sistema penitenciário desse país, ou seja, nas barbas do
estado, conhecem muito bem a linguagem da violência estatal e respondem na
mesma moeda, talvez não na mesma intensidade. O chamado PCC ou, o recentemente
descoberto, PGC (de Santa Catarina, como já foi visto na mídia nacional, outro estado que conta com uma polícia assassina e brutal) têm como matriz o sujeito social mais desprezado, o
presidiário. Majoritariamente oriundos da porção mais pobre economicamente da
nossa sociedade, de cor negra e sem muita instrução escolar, quando cumprem
suas penas, os únicos que lhes dão “abrigo” do lado de fora das grades são essas
organizações. Eles são tudo o que o estado brasileiro mais odeia e teme, eles
são o seu pior pesadelo. Preferindo o extermínio a dar dignidade a essas
pessoas, as elites desse país fabricam a sua própria antítese e, de certa
maneira, se alimentam mutuamente, um não vivendo sem o outro.
Apenas uma
sociedade sem opressão, que valorize mais a vida das pessoas do que a
propriedade privada poderá pôr fim a essa violência interminável. É preciso
dignidade, respeito aos direitos humanos, não mais brutalidade policial, não
mais grupos de extermínio, não mais terrorismo de estado, não mais mídia
mentirosa. Estas instituições não estão preocupadas com nosso bem estar e
segurança, apenas estão interessadas em nossa submissão. Não se submeta,
resista!
Rafael
Martins da Costa
[1] Busca
feita em 19 de novembro de 2012.
[2] http://carosamigos.terra.com.br/index/index.php/cotidiano/2346-ataques-em-sp-membro-do-maes-de-maio-fala-da-violencia
[3] http://www.viomundo.com.br/denuncias/caramante-tempos-atras-policiais-a-paisana-fotografaram-minha-familia-durante-um-passeio.html
[4] http://carosamigos.terra.com.br/index/index.php/component/content/article/207-revista/edicao-186/2519-em-cada-batalhao-da-pm-tem-um-grupo-de-exterminio-por-tatiana-merlino
terça-feira, 6 de novembro de 2012
UM OLHAR DE PERTO DA REVOLUÇÃO SÍRIA
Fazendo uma pausa para a reflexão, posto uma tradução minha para um relato escrito por um anarquista sírio sobre a situação em seu país. É interessante refletir como nem sempre as condições materiais são a única razão para os processos históricos. O texto foi encontrado no site http://www.anarkismo.net .
Um olhar de perto da
revolução síria
Um anarquista entre
jihadistas
O que poderia, em alguma medida, explicar minha situação quando eu estava no interior dos “territórios liberados” da Síria, é que esses são territórios controlados pelo exército livre, as forças armadas da oposição Síria. Mas isso ainda não seria inteiramente verdadeiro. É verdade que nem todos os militantes do exército livre são jihadistas devotos, embora a maioria deles pensem, ou digam, que o que eles estão praticando é “Jihad”. A verdade é que há muita gente comum, mesmo ladrões, etc. entre eles, como em qualquer conflito armado.
Minha primeira e última impressão quanto à situação corrente na Síria é que não há mais uma revolução população acontecendo lá; O que está tomando lugar no país é uma revolução armada que pode degenerar simplesmente para um conflito civil. O povo sírio, que mostrou coragem e determinação sem precedentes, nos primeiros meses da revolução, para derrotar o regime de Assad, apesar de toda sua brutalidade, está, agora, de fato exausto. Dezenove longos meses de feroz repressão e, recentemente, fome, escassez e contínuos bombardeios do exército do regime, está enfraquecendo seu espírito. Cinicamente, o beneficiário de tudo isso não foi o regime, mas a oposição, especialmente os islâmicos. Dependentes de sua relações internacionais, especialmente com os ricos governos despóticos do golfo pérsico, a oposição agora pode alimentar e apoiar a população faminta nas áreas controladas por suas forças. Sem esse apoio uma grave situação humanitária poderia estar tomando lugar.
Construindo a
alternativa libertária: propaganda e organização anarquista
Um olhar de perto da
revolução síria
Um anarquista entre
jihadistas
Por um
companheiro sírio
O que poderia, em alguma medida, explicar minha situação quando eu estava no interior dos “territórios liberados” da Síria, é que esses são territórios controlados pelo exército livre, as forças armadas da oposição Síria. Mas isso ainda não seria inteiramente verdadeiro. É verdade que nem todos os militantes do exército livre são jihadistas devotos, embora a maioria deles pensem, ou digam, que o que eles estão praticando é “Jihad”. A verdade é que há muita gente comum, mesmo ladrões, etc. entre eles, como em qualquer conflito armado.
Minha primeira e última impressão quanto à situação corrente na Síria é que não há mais uma revolução população acontecendo lá; O que está tomando lugar no país é uma revolução armada que pode degenerar simplesmente para um conflito civil. O povo sírio, que mostrou coragem e determinação sem precedentes, nos primeiros meses da revolução, para derrotar o regime de Assad, apesar de toda sua brutalidade, está, agora, de fato exausto. Dezenove longos meses de feroz repressão e, recentemente, fome, escassez e contínuos bombardeios do exército do regime, está enfraquecendo seu espírito. Cinicamente, o beneficiário de tudo isso não foi o regime, mas a oposição, especialmente os islâmicos. Dependentes de sua relações internacionais, especialmente com os ricos governos despóticos do golfo pérsico, a oposição agora pode alimentar e apoiar a população faminta nas áreas controladas por suas forças. Sem esse apoio uma grave situação humanitária poderia estar tomando lugar.
Mas esse apoio não é
fornecido de graça, nem pelos governantes do golfo, nem pelos líderes
oposicionistas. Eles são, como qualquer outra força autoritária, solicitando a
submissão e a obediência das massas. Isso, de fato, poderia apenas significar
apenas a morte real da revolução síria como um corajoso ato popular das massas
sírias. Sim, eu ajudei alguns jihadistas a sobreviver e outros a voltar ao
combate, mas minha intenção real foi ajudar as massas às quais pertenço,
primeiramente como médico, e, depois, como anarquista.
Para dizer a verdade, não acho que nosso problema seja com o islã propriamente. O islã pode ser também igualitário, ou mesmo anárquico. Na história do islã houve estudiosos que reclamaram por uma sociedade muçulmana livre e sem estado, até por um universo livre sem qualquer tipo de autoridade. O problema com o que está acontecendo agora na Síria não é só o difícil e sangrento processo de superação de uma ditadura cruel, mas pode mesmo ser ainda pior: a substituição disto por outra ditadura, que pode ser pior e mais sangrenta. No começo da revolução, um pequeno número de pessoas, principalmente islâmicos devotos, reclamaram a representação das massas revoltosas e apontaram a eles mesmos como os verdadeiros revolucionários, a verdadeira representatividade da revolução. Isto foi contradito pela tendência predominante das massas e intelectuais revolucionários. Opusemos essa reivindicação autoritária e até falsa, mas fomos, e ainda somos, muito poucos para fazer alguma diferença real.
Para dizer a verdade, não acho que nosso problema seja com o islã propriamente. O islã pode ser também igualitário, ou mesmo anárquico. Na história do islã houve estudiosos que reclamaram por uma sociedade muçulmana livre e sem estado, até por um universo livre sem qualquer tipo de autoridade. O problema com o que está acontecendo agora na Síria não é só o difícil e sangrento processo de superação de uma ditadura cruel, mas pode mesmo ser ainda pior: a substituição disto por outra ditadura, que pode ser pior e mais sangrenta. No começo da revolução, um pequeno número de pessoas, principalmente islâmicos devotos, reclamaram a representação das massas revoltosas e apontaram a eles mesmos como os verdadeiros revolucionários, a verdadeira representatividade da revolução. Isto foi contradito pela tendência predominante das massas e intelectuais revolucionários. Opusemos essa reivindicação autoritária e até falsa, mas fomos, e ainda somos, muito poucos para fazer alguma diferença real.
Essas
pessoas defenderam que o que estava acontecendo era uma guerra religiosa,
não uma mera revolução de massas oprimidas contra seus opressores. Usaram muito
agressivamente o fato de que o opressor era de outra seita do islã, diferente
da seita da maioria do povo que ele está explorando, uma seita que foi
frequentemente julgada pelos sacerdotes sunitas no passado por ser contra o
ensino do verdadeiro islã, o que é até pior do que não ser muçulmano. Ficamos
chocados pelo fato de que a maioria dos xiitas, a seita do atual ditador, que
são mais pobres e mais marginalizados do que a maioria sunita, deram apoio ao
regime; e que participaram na brutal supressão das massas revoltas. Daí vem a “evidência”
da “atual guerra religiosa” acontecendo entre sunitas e xiitas. Para elas,
essas pessoas podem realmente estar reivindicando um real sunismo; elas são
muçulmanas e tão sectárias que ninguém pode desafiá-las. De fato, eles
construíam sua autoridade moral e espiritual antes do material.
Então,
vem o apoio material dos governantes do golfo. Agora o potencial para qualquer
luta popular real está caindo rapidamente; Síria é governada agora pelas armas;
e só aqueles que as tem podem dizer algo sobre seu presente e futuro. E essa é
a verdade não apenas para o regime de Assad e sua oposição islâmica. Em todo Oriente Médio
as grandes esperanças estão desaparecendo rapidamente – Na Tunísia, Egito e
onde quer que seja. Os islâmicos parecem ganhar todos os benefícios da corajosa
luta das massas. E podem facilmente iniciar o processo de estabelecimento de
suas leis fanáticas, com pouca oposição das massas. Posso sentir exatamente
como Emma Goldman sentiu em 1922 quando ela rompeu com os bolcheviques e
finalmente se desiludiu com suas regras. De fato, ninguém em todo mundo árabe e
muçulmano parece mais próximo dos bolcheviques atualmente do que os islâmicos.
Por muito tempo foram brutalmente reprimidos por ditaduras locais, usados para
aterrorizar as massas no ocidente; e por causa disso podem ter parecido como se
fossem a mais decisiva parte da oposição a essas ditaduras. Ao mesmo tempo,
eles têm a mesma eficiente máquina de propaganda que os bolcheviques já
tiveram. São tão agressivos e autoritários, quanto os bolcheviques foram
durante os decisivos dias da Revolução de Outubro. Então, parece lógico que os povos árabes
optassem por tentar colocá-los no poder, ou aceitar sua subida até ele. Mesmo
ansiar, como os operários e camponeses russos fizeram uma vez, que eles possam
realmente criar um tipo diferente e melhor de sociedade, também parece lógico.
No caso de Emma Goldman, ela despertou muito cedo dessa ilusão; para as massas,
isso leva mais tempo. Ainda, Emma pensava, corretamente, em minha opinião: as
massas estava muito certas para se levantar e tentar mudar sua realidade
miserável, o grande “erro”, se isso pode ser descrito como um erro, foi feito
pelas forças autoritárias que buscavam raptar a revolução. Nós apoiamos a
revolução, não seus falsos “líderes”.
Construindo a
alternativa libertária: propaganda e organização anarquista
A outra
questão que penso ser importante para nós, anarquistas e massas árabes, é como
construir a alternativa libertária: isto é, como iniciar uma propaganda
libertária ou anarquista efetiva e como construir organizações libertárias.
Para dizer a verdade, nunca tentei convencer ninguém a ser anarquista antes.
Optei apenas pelo libre diálogo entre “iguais” com todo mundo. Nunca
reivindiquei que sei tudo ou que qualquer anarquista ou qualquer outro ser
humano mereça ser o “guia” ou o “líder” de outros, que ninguém merece estar na
mesma posição que o Papa, imãs muçulmanos ou o secretário geral de qualquer
partido leninista ou stalinista. Sempre pensei que tentar afetar outros é outro
meio de praticar autoridade. Mas agora, vejo isso com outra perspectiva: isso é
para fazer o anarquismo “disponível” ou conhecido para todos aqueles que querem
lutar contra qualquer autoridade opressora de cuja repressão eles estão
sofrendo; sejam eles operários, desempregados, estudantes, feministas, minorias
étnicas, religiosas ou juventude, etc. isso é sobre tentar construir um exemplo
ou amostra de uma nova vida livre no seio de uma organização libertária livre:
não apenas como uma manifestação viva de sua presença potencial , mas também
como um meio para alcançar essa sociedade.
Temos
que fazer o anarquismo bem conhecido para todos os escravos e vítimas de todos
os atuais sistemas supressivos e autoridades. EFETIVA PROPAGANDA ANARQUISTA é,
penso, o primeiro objetivo de tais organizações. Em uma palavra, somos
testemunhas da falência das “seculares“ tendências autoritárias (incluindo os
nacionalistas e nacionalistas árabes, stalinistas e outras variedades de
leninismo), e muito cedo a falência das religiões autoritárias. A alternativa
futura deve ser, logicamente, libertária. Claro, o anarquismo não pode ser
implantado artificalmente – deve ser um produto “natural” das lutas das massas
locais. Mas ainda é necessário cuidado para ser devidamente realçado. Será,
supostamente, o papel de nossa propaganda. Não haverá “centro” em nossa
organização, nem burocracia, mas isso será esperado também de sua contraparte
autoritária, até mesmo mais eficiente. Ainda Stalin ou Bonaparte não estão no
poder, as massas sírias têm a oportunidade de obter um melhor resultado do que
o da Revolução Russa. É verdade que isso tem se tornado mais difícil a cada
minuto, mas a própria revolução já é um milagre, e nessa terra o oprimido pode
cria seus milagres vez por vez. Dessa vez também, nós, anarquistas sírios,
estamos botando todas nossas fichas e todos nossos esforços com as massas. Não
pode haver outro caminho, ou não mereceríamos ser chamados de libertários.
Tradução: Rafael Martins da Costa, de Porto
Alegre
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
domingo, 4 de novembro de 2012
ASSÉDIO MORAL 4
Último desenho para a cartilha sobre assédio moral que os companheiros e companheiras do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre estão preparando.
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